Margem líquida: entenda o que é e como calcular
10 min de leitura | 17 de julho 2017A margem líquida é um importante indicador, que demonstra se uma empresa é bem administrada. Será que os gastos estão excessivos? É viável para ser mantida. O custo da produção é menor que o valor do produto?
Saber a margem líquida é mais do que essencial para qualquer dono, diretor ou acionista de uma companhia. Afinal, ela pode ser um fator que melhorará o desempenho do negócio. Ficou interessado?
Então vamos explorar o assunto!
O que é margem de contribuição?
Antes de falar especificamente da margem líquida, podemos falar de conceitos paralelos, como margem de contribuição. O nome “margem” significa que se trata da diferença entre o valor da venda (o preço de venda) e os valores relacionados aos custos e às despesas variáveis relacionados a essa venda.
O termo “contribuição” significa o valor X que contribui para o pagamento das despesas fixas e também contribui para gerar o lucro.
Os custos e as despesas variáveis são aqueles que variam de acordo com a produção/venda do produto. As despesas fixas são de natureza mais administrativa e não costumam sofrer grandes variações, como o aluguel de um imóvel, a folha de pagamento dos funcionários, os materiais de escritório e assim por diante.
A fórmula para encontrar a margem de contribuição é MC = valor das vendas – (custos variáveis + despesas variáveis).
Qual a diferença entre margem líquida e margem bruta?
Um erro muito comum cometido na gestão financeira da empresa é a confusão entre a margem líquida e a margem bruta. A margem bruta é um indicador de quanto a empresa obtém de retorno das vendas. Ela é feita por meio da subtração dos custos das mercadorias vendidas e serviços prestados do valor total das vendas.
Desta forma, pode-se dizer que quanto maior for a margem bruta, maior é a lucratividade das vendas, mas não a do negócio. A margem líquida, por sua vez, é o valor que sobra aos acionistas, sócios ou fundo de investimentos da empresa pelo serviço prestado ou produto vendido. Ela mostra qual é o lucro líquido para cada unidade de venda da empresa ou o lucro líquido por período, a depender do objetivo.
Quanto maior a margem líquida, maior é a sobra que a empresa terá após o recebimento das vendas e a retirada de todas as taxas e deduções.
Qual a diferença entre margem de contribuição, margem bruta e margem líquida?
Para diferenciar essas três margens, faremos um resumo simples.
Margem bruta representa o quanto a empresa recebe com a venda de um produto/serviço depois de descontados os gastos para produzi-lo. Por exemplo, uma empresa vende um produto por R$ 200,00, mas a matéria-prima para produzi-lo custa R$ 50,00, e a mão de obra, R$ 60, totalizando R$ 110,00 de gastos de produção. Assim, ela obtém um lucro bruto de R$ 90,00.
Dividindo o lucro bruto pela receita bruta e multiplicando o resultado por 100, temos a margem bruta. No exemplo acima, calculamos: 90 / 200 = 0,45 x 100 = 45%, que é a margem bruta desse produto.
Por sua vez, a margem líquida representa o quanto a empresa recebe efetivamente com a venda de um produto/serviço depois de descontados todos os gastos totais, incluindo matéria-prima, frete, mão de obra, impostos e despesas administrativas.
Por fim, a margem de contribuição diminui da receita os gastos variáveis, como a comissão do vendedor e a matéria-prima. O que resta depois dessa conta deve ser suficiente para arcar com as despesas fixas e gerar o lucro.
Como é feito o cálculo da margem líquida?
O cálculo da margem líquida é simples, desde que se tenham os dados corretos em mãos. Esses dados podem ser obtidos no DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício) da sua empresa ou por meio de um sistema de gestão financeira, como o Flowup Cash. A margem líquida nada mais é do que o lucro líquido dividido pela receita líquida, multiplicando o resultado por 100. Vamos entender cada uma dessas partes?
Lucro líquido
O lucro líquido é o resultado da empresa após o pagamento de todos os impostos (incluindo o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e as despesas financeiras. Em outras palavras, é o que sobra para a empresa após todas as deduções necessárias.
Para ilustrar, consideremos um exemplo: a empresa faturou R$ 30 mil no mês. Desse total, R$ 7 mil foram gastos com matéria-prima, R$ 10 mil com mão de obra e R$ 5 mil com administração e impostos, totalizando R$ 22 mil em despesas. Portanto, o lucro líquido restante é de R$ 7 mil.
Receita líquida
Após subtrairmos os impostos destacados na nota fiscal, as devoluções e os descontos comerciais, obtemos a receita líquida, que é a receita bruta da empresa. Em outras palavras, é a receita das vendas menos as deduções.
Agora, quando dividimos o lucro pela receita e multiplicamos o resultado por 100, obtemos o valor percentual da margem líquida que fica para a empresa. Com esses valores em mãos, vamos ver como montar o cálculo?
Margem líquida
Margem líquida = (Lucro líquido / Receita líquida) x 100. Que tal ver um exemplo para entender melhor esse conceito? Vamos considerar o exemplo já citado.
A empresa fatura R$ 30 mil no mês. Desse total, R$ 3 mil são gastos com impostos. Temos, portanto, uma receita líquida de R$ 27 mil (30.000 – 3.000)
Aplicando a fórmula, temos que 7.000 / 27.000 = 0,259 x 100 = 25,9 ou, arredondando, 26% de margem líquida.
Qual a diferença entre margem líquida de um produto e de uma empresa?
Nos exemplos acima, podemos perceber essa diferença claramente. No primeiro caso, usamos um exemplo em que calculamos o lucro bruto e a margem bruta de um produto por venda. Esse produto custa R$ 200,00 e possui uma margem bruta de 45%.
No último exemplo, analisamos a margem líquida (ML) de uma empresa que é de 26% ao mês, em relação a todas as suas vendas, que podem envolver mais de uma categoria de produto.
Ao considerar a margem líquida, vários fatores intervêm, como a quantidade de produtos vendidos ao mês, o pagamento pontual dos clientes e a concorrência. É importante levar todos esses elementos em conta para ter uma visão mais completa do desempenho financeiro da empresa.
Digamos que ela trabalhe com 3 produtos diferentes:
1. Produto X:
- ML: 40%;
- Preço de venda: R$ 100,00.
2. Produto Y:
- ML: 20%;
- Preço de venda: R$ 140,00.
3. Produto Z:
- ML: 60%
- Preço de venda: R$ 80,00.
Se, em um mês, a estimativa de venda para o produto X é de 200 unidades, para o Y, de 100 e para o produto Z, de 150, temos:
1. Produto X:
- 100 x 200 = R$ 20.000,00;
- 40% x 20.000 = R$ 8.000,00.
2. Produto Y:
- 140 x 100 = R$ 14.000,00;
- 20% x 14.000 = R$ 2.800,00.
3. Produto Z:
- 80 x 150 = R$ 12.000,00;
- 60% x 12.000 = R$ 7.200,00.
O lucro líquido mensal dessa empresa é de R$ 18.000,00 (8.000 + 2.800 + 7.200), e sua margem líquida é de 39% (18.000 / 46.000 = 0,39 x 100). É preciso tomar cuidado na hora de fazer as contas. Isso significa que, a cada R$ 100,00 vendidos, ela tem um lucro efetivo de R$ 39,00. Mas, se existem clientes inadimplentes, essa margem certamente tende a cair.
Por que saber a margem líquida é importante para a empresa?
É importante porque a margem líquida permite que entendamos se a empresa está tendo lucro e qual é o valor desse lucro. Em outras palavras, esse demonstrativo de lucro líquido expresso em formato de porcentagem facilita a visualização dos resultados do negócio e, ao mesmo tempo, ajuda a evitar futuros prejuízos.
Em casos de inadimplência, a margem líquida aponta quantos clientes serão necessários para cobrir uma falta de pagamento. Por exemplo, uma margem de 20% requer 5 clientes pagantes para cada inadimplente.
Sendo assim, é importante manter um constante controle contábil da organização, acompanhando não só os ganhos, mas também as despesas. E, acima de tudo, tomando o cuidado para que a margem líquida não fique demasiadamente baixa. Dessa maneira, podemos garantir uma vida saudável para o negócio.
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